Confissões de uma mente ansiosa
- Juliana Tavares Soares

- 11 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
Uma reflexão sobre a Ansiedade
O tema da ansiedade é recorrente nos tempos de hoje. Inúmeras pessoas procuram Psicólogos e Psiquiátras em busca de uma forma de controlar a ansiedade. E ela se apresenta com tantas caras: excesso de apetite, perda de apetite, insônia, mal-humor, vícios e compulsões.
Mas, o que será ansiedade? Como ela opera em nosso organismo? Como ela interfere em nossa mente? Como cada sujeito vive e pensa a sua ansiedade? Será que ela é um mal que afeta algumas pessoas e precisa ser tratada ou um sentimento presente em todo mundo e que aponta na direção de uma sujeira bem escondida embaixo do tapete.
Se alguém perguntar a qualquer pessoa que me conhece como eu sou, certamente irá escutar que sou calma, tranquila e paciente. Nunca me desespero frente a um problema. Sou fria o bastante para lidar com imprevistos, resolver problemas meus e dos outros. Sei assumir a liderança e me destaco por meu compromisso. Como as pessoas se enganam. Como é fácil colocar a máscara e passar uma imagem que não é 100% verdadeira.
Raras as pessoas que conseguem me ver como eu sou. Até hoje apenas uma percebeu a ansiedade por trás da máscara da calma e da paciência. Não sei esperar. Não sei não saber. Minha inquietação não aparece nos grandes sintomas descritos nos manuais de psiquiatria – sudorese, tremores, insônia, medos frequentes e sem fundamento, etc. Pelo contrário, minha ansiedade se mostra nos pequenos gestos do dia-a-dia. Na troca de posições enquanto estou sentada. No constante mexer no cabelo: prende, solta, enrola, prende de novo. Cabelo solto me irrita. Bato o pé. Mexo no anel. Busco o olhar do outro para tentar saber o que ele está pensando e garantir que sei em que direção está olhando – meus olhos. Mas me incomodo se fixa seu olhar em mim. Busca incessante pelo controle. Controle da vida, controle de mim e do outro.
Sim, sou ansiosa. Mas ninguém percebe, ou quase ninguém. Sim, quero acabar com minha ansiedade. Mas, para isso preciso descobrir aquilo que tanto anseio – ansiedade: ansiar por algo que ainda desconheço. Como mudar aquilo que não conheço?
Me acostumei a ser diferente de quem eu sou. Reprimir sentimentos e pensamentos. É mais fácil calar a ansiedade com remédios e compulsões (alimentares e materiais). Já tentei calar a minha ansiedade com sapatos. Hoje sei que minha ânsia por sapatos nada mais é do que uma necessidade de me por em movimento. Seguir em frente mesmo magoada, com raiva. Esquecer. Relevar. Fazer algo. Quando não consigo, compro sapatos, bato o pé, mexo no cabelo, no anel, no colar, troco de posição. Tento mudar aquilo que controlo enquanto espero aquilo que ainda está fora do meu controle. Diminuo a ansiedade. Temporariamente.
Acredito que cada pessoa carrega consigo uma ânsia. Se não consegue aquilo que anseia, sente ansiedade. Se não corre atrás, luta por aquilo que quer, sente ansiedade. Se não aprende a lidar com a falta, aquele "algo indescritível" que ainda não temos ou que nunca teremos, sente ansiedade. Se projeta um cenário de catástrofe, tentando se antecipar aos problemas, sente ansiedade.
A ânsia nos põe em movimento. A ansiedade nos paralisa. Uma não existe sem a outra. Silenciosa ou invasiva, a ansiedade está em todo lugar e em todas as pessoas. Buscar o equilíbrio é o nosso desafio.


